sábado, 17 de setembro de 2016

Eu já fui ao céu várias vezes...

Eu já fui ao céu várias vezes...

Era assim a viagem, eu te conto,
Num ponto ali no chão a gente riscava,
Enumerava os quadrados e pronto!
Meio tonto com um pé só pulava.

E jogava uma pedrinha na casa,
Em asa voava à casa da frente,
E rente ao risco pisava, era brasa,
Arrasa o cuidadoso e inteligente.

Meninos e meninas ordenados,
E nos quadrados, um de cada vez,
Vivez de criança, sonho talvez.

O céu se via ao final dos quadrados,
Sagrado me vi; sem pisar na linha,
Outra vez ‘céu’ ao pular amarelinha.

ღRaquel Ordonesღ
Uberlândia MG 09/09/16
Instagram: @raquelordones
http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/

Das loucuras

Das loucuras

Minha alma clara às vezes escurece,
Anoitece, mas meu inspirar ribomba,
Arromba meus sentires, enaltece,
Enrubesce em pisca-pisca na lomba.

Jorra do meu dentro um que intuitivo,
Nativo, que só eu sinto, não elucido,
Tecido nas teias do meu eu cativo,
Decisivo; despertando a libido.

Não busco salvar-me dessa demência,
Em ardência; jogo-me em lusco fusco,
E no seu brusco anseio, arrisco e ofusco.

E durmo de pensamentos em sonho
Risonho querer que arremessa fogo
Nesse jogo, há doidice que eu adogo.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 12/09/16
Instagram: @raquelordones
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Das minhas viagens


Das minhas viagens

Cursei-te por inteiro em pensamentos,
Momentos arteiros por tua curva,
Em chuva de mim, catando teus ventos,
Com fragmentos de ti; sonha a vulva.

E viajei-te em devaneio louco,
Pouco me bastei com tua lacuna,
Gatuna me fiz em ruído rouco,
Mouco, sem o alcance da minha huna.

Tão lasciva, dos pés a goela,
E a biela leva tudo à cabeça,
Espessa ordem que eu a obedeça.

Pele gela; o querer destaramela,
Desafivela-me tanta tesura,
Brandura nula que a carne tortura.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 13/09/16
Instagram: @raquelordones

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Moinhos da memória

Moinhos da memória

E ali fica o passado remoendo,
Doendo de um lado e do outro, saudade,
Na verdade há tanto que não entendo,
 Mas compreendo agora a realidade.

E nos meus causos eu fiz de conta,
Tonta das inverdades eu me expus
Dispus de mim e nem foi afronta,
Pesponta o que fui ou aquilo que supus.

E nos meus contos quase me aproximo,
Eu não rimo, porque não é poesia,
E sem demasia tal qual foi o dia.

E nas crônicas de mim, pus meu imo,
Tornei-me o cimo da minha história,
Notória em meus moinhos da memória.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 14/09/16
Instagram: @raquelordones
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'Sonetango'

‘Sonetango’

Letra em letra; torna a palavra, liga,
Instiga outra palavra, baila em versos,
 Universo que adentra uma cantiga,
Irriga passos; abalos inversos.

As linhas parceiras em caminhada,
Em passada pra frente, ora pra trás,
É capaz de mudar a guia; ousada,
Enlaçada em rock, sempre cartaz.

Em gancho, estrofes se quebram,
Envergam; explicita sedução,
Ação em cruzadas e cortes, então.

Em média vuelta, todas se entregam,
Escorregam letras em ordem e magia,
Afia-se num tango; a poesia.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 17/09/16
Instagram: @raquelordones

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sábado, 3 de setembro de 2016

Cinderela moderna

Cinderela moderna

Espia lá fora na brecha do casulo,
E num pulo se joga de novo na cama,
Reclama se há chuvas, adjetivo chulo,
Cúmulo; se há respingo no cabelo; inflama.

E prendada não é, pela ausência de coragem,
Sua bagagem não a credencia boa esposa,
Na lousa do celular descalça viagem,
De imagem notívaga, tal qual mariposa.

Castelos de ‘likes’, suspensa construção,
E a sua educação fica um tanto aquém,
Desdém do respeito e da atitude também.

Cinderela; sem a generalização,
Rotação edifica, fica, sei lá, meio boba,
_Oba, meu príncipe vem montado na @!

Raquel Ordones

Uberlândia MG 25/08/16

Tempestade de nós

Tempestade de nós

Vida é isso, constante tempestade,
Raio de dificuldade, compromisso,
Reboliço; que não corta em metade,
Se a verdade se entorta; é abisso.

E se mergulha em temporal do escuro,
É muro: ninguém vê e não vê ninguém,
Além do que, é um fardo muito duro,
Seguro não é, pois há dardo também.

Tempestade interna é afogadiça,
Enguiça em procela: manutenção,
Ação; abrir tramelas do coração.

Amor é tempestade que atiça,
Iça flor, desassossego e sorriso,
Granizo e trovões de nós; sem aviso.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 26/08/16

Palhaço

Palhaço

Talvez aquele repleno em pilhéria,
Coisa séria também ele reporta,
Importa a mensagem sem a miséria,
E sem féria, ele não se comporta.

Ser que por si é um tanto atrativo,
E seu objetivo é causar gargalhadas,
De piadas vestido, é aditivo,
Ativo nas macaquices ousadas.

E nem sempre apresenta o que sente,
Na mente a arquitetar sua graça
Na raça, rua, no palco, na praça.

Sua aparência é viva, não mente,
Internamente triste, quer abraço,
O passo persiste; avante o palhaço.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 27/08/16

‘E leis são’

‘E leis são’

E santinho na via pública não pode!
Tenho bode disso na caixa de correio,
É feio mentir, porém a mentira explode,
Acode-nos, o mundo; deles está cheio.

 Propagandas enganosas são proibidas,
Desiludida a gente não sabe o que fazer,
Crer é impossível; as coisas são descabidas,
E não cumpridas as leis, põe tudo a perder.

Então, esse candidato não me representa,
Apresenta um plano de governo chinfrim,
Inventa, floreia, além disso, quer meu sim.

Mal assina o nome, codinome requenta,
É a ‘penta’ vez que o fulano se candidata,
Retrata o país; alguém pede concordata?

Raquel Ordones

Uberlândia MG 28/08/16

Conquista

Conquista

Se de repente conquistar, conserve,
Preserve no coração a importância,
Confiança é algo que pode ser breve,
Leve conversa a toda circunstância.

Se de repente conquistar, respeite,
Deleite do carinho e companhia,
Sorria com verdade e dê seu aceite,
Aproveite o máximo, é poesia.

E se de repente conquistar, só ame,
E proclame no ensejo o absorvimento,
Momento é de festa, enriquecimento.

Se de repente conquistar, se chame,
Aclame: _Tenho mais uma conquista!
Reconquista perfeita não há, desista!

Raquel Ordones

Uberlândia MG 29/08/16

Po(RR)esia

Po(RR)esia

Na mesa da mente a poesia debruça,
Soluça na cadeira dura do passado,
E requentado verso na entrelinha aguça,
Esmiúça todo o sentir ali encontrado.

E na profundeza do seu ser, o poeta,
Atleta da imaginação, então se embebeda,
Arreda a poeira de forma discreta,
Espeta-se em cacos, num lembrar se envereda.

Em taças acontecidas, corpos e bocas,
Loucas aventuras e sem mais esperanças,
Lança-se além-madrugada, tonto em lembranças.

Resta-lhe saudade, a garganta agora é rouca,
Pouca alegria, grogue, a caneta escorrega,
Não nega a tal po(RR)esia de alma bodega.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 28/08/16

Uberlândia, Princesa do cerrado



Jovem menina, cidade modelo,
Cabelos louros em riquezas mil,
É gentil agasalho, à paz, o apelo,
Zelo; o seu dote num olhar sorriu.

É princesa mineira, terra amada,
Enflorada em tonalidade e esmero,
Venero sua audácia embelezada,
E bem cuidada, sempre assim espero.

Estampada a nobreza do cerrado,
Abastado solo, flui crescimento,
Em ventos de brios e sentimento.

Princesa; orgulho do nosso Estado,
Coroado peito, Uberlândia é mais,
Inda em ais, não perde os sonhos jamais.

Raquel Ordones .
Uberlândia MG 31/08/2016

 Parabéns Uberlândia- 128 anos


Quando eu morrer


Quando eu morrer

E não quero que diga:_ Ela era tão boa!
Porque soa uma intriga em mim; me fale em vida,
Divida-se já, e mostre-me a sua pessoa,
E povoa-me em afeto, antes da minha ida,

Isenta-me da sua lágrima e de vela,
E balela de velatórios eu não quero,
Espero que não haja flor nem na lapela.
Pois ela é formosura no pé, doce esmero.

Então, quando eu morrer; arquive-me na su’ alma,
Acalma-se em brisas e sem bajulação.
E ponha o coração em módulo de canção.

Não espere por parentes, nenhuma vivalma,
E palmas para quem me ‘amou’ ainda que oculto,
Quero tumulto: chuva e poesia em culto.

Raquel Ordones

Uberlândia MG 02/09/16

Ilusão


Ilusão

Quantas vezes eu fiquei ali detença,
Na crença, sentada no meio fio,
Com frio, com sol, à chuva propensa,
 Numa indiferença; causou arrepio.

E quantas vezes desejei o carteiro,
Mensageiro de alguma coisa sua,
Ali na rua era o meu paradeiro,
Inteiro largo, de presença nua.

Quantas vezes eu doei meu instante,
E andante da sua falta eu me fiz,
Cariz tristonha, do amor aprendiz.

Quantas vezes quis ser sua; importante,
Errante, aguardei a carta na guarita,
Grita em mim tal carta que nem foi escrita.

Raquel Ordones
Uberlândia MG 03/09/16